Conclusões
Para conceber e implementar um sistema RFID, deve-se cumprir com as correspondentes normas que podem ser internacionais, regionais e nacionais, bem como as regulamentações criadas por cada país. As normas definem protocolos da interface ar, protocolos de dados, e capacidades e funções dos diversos tipos de sistemas RFID e RF. As principais normas internacionais, que precisam de ser analisadas para os sistemas de RFID são ISO 14443, ISO 15693, ISO 15963, e ISO / IEC 18000 protocolo de interface ar para sistemas RFID (LF, HF, UHF e microondas). Outras normas importantes são as normas criadas por organizações como ANSI, FCC e IEEE.
Os regulamentos são desenvolvidos por cada país ou região (como a União Europeia). Nos Estados Unidos da América, os regulamentos para RFID são desenvolvidas pela FCC, na União Europeia é a ETSI. O cumprimento dos regulamentos é obrigatório e as empresas ou pessoas podem ser multadas por incumprimento destes. Os regulamentos lidam principalmente com a potência transmitida (Watts) para evitar interferências com outros sistemas de radiofrequência e garantir a segurança humana.
Para este trabalho, foi-nos fornecido um KIT leitor de RFID da 3Alogics de 13,56 MHz de frequência. No conteúdo da caixa do KIT encontravam-se quatro cartões com TAGs RFID de duas normas diferentes: ISO 14443A e 15693. Este KIT pode ser ligado a um computador (através de uma interface RS-232) e possui alcances máximos de leitura de 7cm para a norma ISO 14443A, 5 cm para a norma 14443B e 8cm para a norma 15693.
A impossibilidade de escrever em cartões de um modo fácil e intuitivo com o material disponível inviabilizou a tentativa de clonagem de cartões levando ao afastamento deste objectivo. Contudo, foram procurar-se alternativas destacando-se três bastante versáteis e completas (Mark3, Universal SDK Evaluation Kit e ACR 120 SDK).
Foi construída uma antena para efectuar medições de potência no estudo da interferência de materiais na leitura de uma TAG. Construiu-se uma antena diferente da do KIT para compreender melhor a construção de antenas. A antena foi construída para a mesma frequência do KIT (13,56 MHz) e possui uma impedância de impedância de 38.85-j26.11 Ω (|Z|=46.83Ω, θ=-33.8°) e um coeficiente de reflexão de 10.2dB
Com o estudo da interferência de materiais na leitura de uma TAG, verificou-se que a interferência de materiais influencia significativamente o alcance de leitura das TAGs, tal como a posição e o ângulo de leitura. Tal como seria de esperar, o metal impediu a leitura dos cartões. Os alcances medidos para as duas normas estavam perto dos alcances teóricos fornecidos pelo fabricante do KIT. No entanto, estes alcances estão muito longe dos alcances teóricos das normas. Isto pode querer dizer que a antena do KIT é pouco directiva e/ou até pouco potente.
As placas do balun e da nova antena foram desenhadas e construídas tendo em conta a frequência de ressonância e a impedância de 50 ohm. Foi testado o circuito balun e a nova antena de adaptação de 50Ω ligando estes dois componentes com um cabo RF SMA () tendo-se conseguido com sucesso ler os dois tipos de TAGs (ISO 14443A e 15693). Verificou-se que com esta nova antena podia-se ler o cartão ISO 15693 a uma distância de aproximadamente 5 cm e o cartão ISO 14443A a aproximadamente 1 cm. Conclui-se que o alcance foi afectado, ou seja, tendo em conta o kit original o alcance diminuiu de 9 cm para 1 cm e de 12 cm para 5 cm com o cartão ISO 14443A e ISO 15693, respectivamente. Possíveis causas, será o projecto das placas (antena e balun) para à frequência de 13.56MHz. A antena poderá não estar centrada a esta frequência e o cabo RF de 1 metro introduz perdas. O trabalho futuro será analisar no Network analyzer o parâmetro visto na carta de Smith do conjunto filtro EMC + circuito balun + antena de adaptação e que terá que corresponder a 1 (Z = 50Ω), ou muito próximo deste valor, à frequência de 13.56 MHz. Poderá ser feito também um “tuning” à nova antena para permitir um melhor alcance de leitura dos cartões ISO 15693 e ISO 14443A. Um novo “add-on” futuro para o kit que poderá ser extremamente útil será um “Power-boost”, ou seja, um amplificador de potência para o Kit 3Alogics. Este permitirá que o alcance para a leitura dos cartões (TAGs) seja bastante mais alto.
Foi implementado um sistema de controlo de acessos que utiliza um micro-controlador e a placa EV100. Desenvolveu-se ainda software, para correr no computador, necessário para a interacção com o utilizador. A primeira versão está completa e a funcionar embora, claro, possa ser melhorada em certos aspectos. A segunda versão ainda se encontra numa fase embrionária e ainda só tem terminado o módulo de gestão de base de dados. No entanto em ambos os casos se pode ver que com algum hardware e software, sem grandes gastos, se pode fazer uma solução simples para monitorizar entradas ou saídas com recurso à tecnologia RFID 13,56MHz, sendo assim possível observar a grande capacidade dos sistemas RFID.
A ética e a segurança em RFID é uma problemática que tem vindo a ser discutida mundialmente, mas que no entanto ainda não possui regulamentação. Alguns políticos e organizações não governamentais gostariam de ver esta questão devidamente regulamentada, para salvaguardar a privacidade do indivíduo, no entanto, as empresas produtoras de RFID argumentam que o bom senso e a regulamentação mundial das frequências é suficiente. A tecnologia RFID ainda não está no seu expoente máximo de expansão mundial mas, no futuro, prevê-se a utilização das TAGs para todo o tipo de situações, como por exemplo, registo das preferências de um comprador numa dada loja ou seja, localizar pessoas e traçar o seu perfil. Além destas, questões, a segurança em RFID ainda não está devidamente desenvolvida, pois é possível clonar uma TAG. Fica então levantada a questão: apesar das vantagens que esta tecnologia nos traz, até que ponto o RFID não constituirá uma ameaça à privacidade do ser humano?